Neste fim de semana, a Marvel vai mais uma vez quebrar recordes de bilheteria com Vingadores: Guerra Infinita. O terceiro filme do seu principal grupo de heróis vai juntar praticamente todos os personagens apresentados pela produtora até agora. Nomes tradicionais como Capitão América e Homem de Ferro se juntarão aos novos gigantes da marca, como Pantera Negra e Guardiões da Galáxia para lutar contra o maléfico Thanos.
O filme, provavelmente o mais aguardado na indústria do cinema em 2018, vem sendo construído pela Marvel há pelo menos 10 anos, desde que o primeiro Homem de Ferro estreou em 2008, e representa a culminação de uma grande narrativa que o estúdio plantou e desenvolveu na última década. Foram 18 filmes, que juntos arrecadaram em torno US$ 14 bilhões e estabeleceram o conceito de “universo compartilhado” que outros estúdios hollywoodianos têm tentado copiar, na esperança de embolsar quantias semelhantes à criadora dos heróis, normalmente falhando no processo.
Mesmo nem sempre ambiciosos em seus temas – o recente Pantera Negra e Capitão América: O Soldado Invernal são provavelmente os únicos filmes da Marvel que tentam dizer algo – os longas dos heróis encontraram um sucesso sem precedentes em Hollywood. Combinando bom humor e ação, eles foram, constantemente, um sucesso com o público, mas quando não eram com a crítica.
O estúdio cumpriu o que prometeu fazer. Mantendo um tom coeso e, aos poucos, introduzindo mais e mais elementos para enriquecer o seu universo de heróis, a Marvel se transformou em uma das marcas mais respeitadas da indústria do entretenimento porque construiu uma grande narrativa. Algo que se move em direção à uma conclusão gigante com Guerra Infinita e conquistou, ao longo dos anos, a admiração de milhões ao redor do mundo. O que o sucesso da Marvel, e as tentativas de outros estúdios de imitá-la, revela é a capacidade de histórias de nos cativar por anos e anos.
O que eles entenderam é simples: nós adoramos grandes narrativas. Seja nos filmes da Marvel, em longas séries de livros como Senhor dos Anéis ou As Crônicas de Nárnia, nas várias temporadas de Breaking Bad ou Friends, e até mesmo em histórias reais de figuras históricas como Martin Luther King Jr. ou Winston Churchill. Histórias são cativantes, e quanto mais se desenvolvem ao longo de anos ou várias obras, mais profunda é a nossa imersão no enredo.
Não é à toa, então, que o Autor mais criativo do universo escolheu se revelar através de uma história. O que as Escrituras nos apresentam é a maior das grandes narrativas. A partir do momento em que a humanidade se rebelou e pecou contra o Criador, uma promessa foi feita – “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gen 3:15) – e todos os livros da Bíblia existem para explorar as consequências e ensinamentos implícitos nessa promessa.
O Autor mais criativo do universo escolheu se revelar através de uma história
Deus promete um descendente que irá derrotar o mal, eliminar o pecado e retornar a criação ao seu estado natural e perfeito. Nas centenas de páginas do Antigo Testamento que seguem esse versículo, Ele vai plantando as pistas, preparando o terreno. Seja através de Salmos messiânicos ou das profecias de Isaías, tudo está apontando para o nascimento de Jesus.
Mas além de ser cativante, essa grande narrativa – diferente de todas as outras – tem um ingrediente único e essencial. Ela é a grande narrativa para qual todas as outras apontam. Em Jesus, há um herói de outro mundo que é enviado para a Terra pelo pai benigno para ajudar os humanos. Em Jesus há um príncipe encantado que nos acorda do sono profundo do pecado e da morte. Em Jesus, há um rei que retorna para liderar seu povo à vitória na guerra contra as forças do mal.
Nós todos lemos e consumimos as grandes narrativas sentindo um desejo primal de que tudo aquilo fosse verdade. Em Jesus, a fantasia se torna realidade, o sobrenatural quebra as barreiras e entra no natural. Aqui, finalmente, há uma forma de preencher o nosso vazio, há uma forma de escapar da morte e viver eternamente, de não ficar preso ao tempo, de fazer parte de algo maior, de voltar para nossa casa, onde somos amados.
Em Jesus, a fantasia se torna realidade, o sobrenatural quebra as barreiras e entra no natural
J.R.R. Tolkien, em seu ensaio Sobre Histórias de Fadas, explica melhor do que eu conseguiria: “A qualidade peculiar da ‘alegria’ na fantasia bem-sucedida pode ser explicada como um repentino vislumbre da realidade ou verdade subjacente… Os Evangelhos contêm uma narrativa maior que engloba toda a essência delas.”
Ele continua: “Mas essa narrativa entrou para a História e o mundo primário. O desejo e a aspiração da subcriação foram elevados ao cumprimento da Criação. O Nascimento de Cristo é a eucatástrofe [termo usado por Tolkien para descrever o oposto de uma catástrofe] da história do Homem. A Ressurreição é a eucatástrofe da história da Encarnação. Essa história começa e termina em alegria… Não há conto já contado que os homens mais querem descobrir que é verdadeiro, e não há nenhum que tantos homens céticos tenham aceitado como verdadeiro por seus próprios méritos.”
Tolkien está pontuado algo que a Bíblia deixa claro. “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. (Sm 19:1). Toda a criação – toda a criatividade – aponta para um só lugar, uma grande narrativa, sobre redenção, salvação e eternidade.
Comentários