É uma pergunta simples. Por que você vai à igreja? Por que, todo domingo, você se levanta, sai de casa e passa algumas horas em cultos adorando algo que você não vê? Para a maioria dos cristãos esse questionamento vem com uma resposta quase automática – algo como “Jesus morreu por mim” ou “Deus é meu Pai” – e essas declarações não podiam ser mais verdadeiras. Mas se analisarmos nossa prática e deixarmos a teoria de lado, o que encontraremos como motivação? Essa é uma reflexão importante porque pode revelar a entrada de costumes do mundo na igreja.
Nós sabemos que Deus está presente toda vez que nos reunimos em cultos (Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles – Mateus 18:20), e sabemos também que nós mesmos representamos o corpo de Deus aqui na Terra, e trazemos conosco a habitação do Todo-Poderoso (Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? – 1 Coríntios 3:16). Jesus é a pedra angular do templo, os apóstolos e profetas são o fundamento, e nós representamos os outros elementos do templo (Ef 2:20). Em outras palavras, quando estamos juntos, estamos juntos com o Senhor.
Estamos, então, na presença do maior tesouro em existência (Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente – Salmo 16:11) e devemos buscá-lo com tudo o que temos (Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração – Jeremias 29:13). Como eu disse antes, é provável que todos os cristãos que leiam isso concordem e usem isso tudo como razões pelas quais vão a igreja. E com certeza aqueles que, de fato, vivem isso semanalmente são bem-aventurados. Como é bom compreender o quão abençoados somos e buscar Deus por quem Ele é.
Mas nós não podemos confiar no nosso coração. Ele é desesperadamente corrupto e totalmente enganoso (Jr 17:9). A reflexão sobre a ida à igreja é importante porque se escutarmos as mentiras que vêm deste coração, cometeremos um grave erro, e pior, desperdiçaremos um tempo valioso na presença da maior alegria que podemos experimentar.
Se escutarmos as mentiras do coração, desperdiçaremos um tempo valioso na presença da maior alegria que podemos experimentar
Então, vamos voltar à pergunta original. Por que você vai à igreja? Eu comecei a notar os motivos errados pelos quais eu frequento os cultos dominicais quando fui confrontado por uma pregação do pastor Francis Chan na qual ele reflete sobre Efésios 6:18 (Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos). Chan argumenta, corretamente, que se levarmos esse versículo a sério, podemos encontrar uma grande falha em nossa caminhada. Temos, de fato, orado dessa forma absoluta por todos os nossos irmãos em Cristo?
E é fácil aplicar isso à igreja. O próprio Chan faz isso quando pergunta quantas vezes temos orado por nossos pastores antes de suas pregações nos domingos. E nós podemos levar isso mais a fundo. Temos orado pelo grupo de louvor, para que eles sintam toda a alegria que Deus oferece e o adorem com todo o seu coração? E pelos diáconos e presbíteros que ajudam o culto a acontecer? Ou até mesmo pelas pessoas sentadas ao nosso redor? E para que nós mesmos tenhamos um tempo abençoado com nosso Pai amado, para que Ele nos ensine a orar (Rom 8:26), cantar a adorar de uma forma que O agrade?
Se nossa resposta for sim, então temos, de fato, buscado a presença de Deus ali. Desejamos um encontro face-a-face com o Senhor não só para nós mesmos, mas para todos ali presentes. Temos ido aos cultos pela razão certa. Entretanto, se isso nem passa pela nossa cabeça, com o que ocupamos a mente nos domingos? Que pensamentos você tem no caminho até a igreja? Estamos animados com a possibilidade de sentir o derramar do Espírito Santo?
Ou nossas preocupações dominicais são mais relacionadas a coisas inferiores? Nossas preocupações, às vezes, são mais sociais – onde vamos comer depois do culto? Com quem vou sair hoje? Será que aquela pessoa vai? – e isso revela um interesse maior no que é finito, deixando de lado a glória eterna que estará presente ali. Também não é incomum estabelecermos condições para que o culto seja bom, automaticamente assumindo uma postura crítica quando vemos que o pastor que queríamos ouvir não vai pregar naquele domingo. Ou reclamando se a pregação foi expositiva demais, temática demais, etc. Ou ainda murmurando porque não gostamos do louvor, de uma música específica, ou do estilo usado na adoração da vez.
Se nos encontrarmos colocando a expectativa nas cisternas rotas, não só estamos deixando de cumprir nosso dever de glorificar a Deus, como estaremos rejeitando a oferta divina de estar em plena comunhão e satisfação com Ele
É tudo uma questão de observarmos o que valorizamos mais na igreja e no culto. São tradições, dogmas, pessoas, discursos ou é o próprio Deus? Sabemos que onde está o nosso tesouro também estará o nosso coração (Mt 6:21). Essa é uma reflexão difícil, mas que deve ser feita constantemente. Se nos encontrarmos colocando a expectativa nas cisternas rotas, não só estamos deixando de cumprir nosso dever de glorificar a Deus, como estaremos rejeitando a oferta divina de estar em plena comunhão e satisfação com Ele, e com nossos irmãos.
Se não vamos à igreja para isso, para que gastar nosso tempo?
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