“E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará.” (Lucas 9:23-24)
Vivemos numa época onde “seguir a Jesus” tem sido definido de acordo com as obras sociais que uma pessoa produz. A luta em favor do pobre tem sido levantada como “o propósito da Igreja.” Logo, se um cristão não estiver, de alguma forma, envolvido em algum tipo de ação em favor desta causa, ele é considerado como alguém que não entendeu este propósito e está em falta com a missão de Deus. Desconsideram qualquer caminho que esteja sendo trilhado, seja ele o discipulado, aprofundamento teológico, retiros espirituais, evangelismo no trabalho, oração etc.
Mas não devemos ver o evangelho de Jesus como algo que alavanca uma causa e menospreza as outras. Como diria Abraham Kuyper, “não há um único centímetro quadrado, em todos os domínios de nossa existência, sobre os quais Cristo, que é soberano sobre tudo, não clame: ‘é meu‘” O evangelho de Jesus não setoriza causas para pleitear. Ou melhor dizendo, ele pleiteia apenas uma causa, o Reino.
Sendo assim, não existe nenhuma causa que limite até onde vai a expansão deste reino, pois Cristo estabelece seu governo sobre pobres, ricos, culturas, valores, e tudo mais. Todas as esferas da vida fazem parte do alvo deste evangelho. Quando consideramos algumas áreas mais importantes do que outras, não promovemos a expansão do reino, mas, sim, uma divisão, e passamos a pensar com uma mentalidade pouco diferente da do mundo; dividindo rico vs. pobre, branco vs. negro, hétero vs. homo, patrão vs. empregado.
Todavia, ao olharmos para os versículos do evangelho de Lucas citados acima, ficamos diante de um dos textos mais profundos e claros para entender como deve ser o caminho de um seguidor de Jesus.
1) Negar a si mesmo – O que significa isso? Qual a amplitude disso? A ideia do texto é que devemos esquecer de nós mesmos, perder a visão e o interesse próprio. Em linhas gerais podemos dizer que a proposta é morrer para si.
2) Tomar a cruz a cada dia – Creio que essa frase vem logo após do negar a si mesmo de forma muito pedagógica, pois se negarmos a nós mesmos e não tomarmos a nossa cruz, testificamos que nos movemos para nós mesmos e não para Cristo. Existem muitos que se negam seguindo os seus próprios corações enganosos, e Julgam o que é “bom” ou “ruim” para si, servindo ao próprio ventre e não a Deus.
3) Siga-me – Esse chamamento só é real se estiver precedido de negação de si mesmo e apropriação da cruz. No verso 24 Jesus traz uma perspectiva sobre o caminho do seu seguidor. Ele nos diz que a salvação da vida está em perdê-la. É perdendo que se ganha! É morrendo que se vive! Essa é a grande sacada do evangelho de Jesus. Somos chamados a morrer para que assim venhamos a viver.
Essa é a proposta de vida mais desafiadora de todas. Porém, se Deus nos escolheu para essa vida, somos os mais felizes de todos os homens. Seguir o mestre consequentemente deverá nos levar a impactar o mundo, fazendo parte da missão de Deus. Não podemos considerar um campo de ação como mais importante que o outro, pois a missão de Deus está sobre toda a terra. Que o Senhor encha o nosso coração de temor, sabedoria e ousadia, para vivermos para sua glória no campo onde ele já nos inseriu, o mundo.
Comentários