“Esse mundo é seu, faça dele o que quiser. Não deixe que lhes prescrevam verdades absolutas. Acredite no que quiser e acredite piamente. E se preciso, mude de opinião.” Fred Sá Teles
“Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas.” Friedrich Nietzsche
“Tive tanto êxito em mostrar à minha sobrinha que não existem verdades absolutas, que agora ela já não acredita em nada que eu lhe diga.” Augusto Branco
“Não há fonte de erro tão grande como a busca da verdade absoluta.” Samuel Butler
“Verdades absolutas não existem, o que existe é a verdade de cada um, de acordo com o momento de cada um, portanto, ninguém tem o direito de julgar ninguém, porque apenas cada um sabe o que é ser ele mesmo, sabe das dores e das alegrias de ser quem é, ninguém mais.” Bete Tezine.
O pensamento pós-moderno impõe que não existem verdades absolutas (apesar de que essa máxima já poderia ser considerada uma verdade absoluta, contraditório, não?). Logo, se alguém se posiciona de forma firme, falando de alguma verdade, corre um grande risco de ser taxado de intolerante. Afinal de contas, o que se diz é: “Essa é a sua verdade, não a minha! Cada um tem a sua própria verdade, cada um tem liberdade de definir as suas verdades.” Sendo assim, perde-se qualquer parâmetro de moral, pois o que é certo para mim pode ser errado para outra pessoa, e cada um por si mesmo determina essas definições, se é que no contexto da pós-modernidade se pode usar termos como “certo” e “errado”. O homem se torna escravo dos seus próprios conceitos e desejos.
Óbvio que como discípulos de Jesus não podemos impor que alguém creia no que cremos, mas precisamos estar firmes ao deixar claro que, para nós, a Palavra de Deus é sempre e imutavelmente verdade absoluta, a nossa única regra de fé e de prática. Afirmar essa verdade, mesmo que de maneira mansa, já é suficiente para ofender muitas pessoas. Mas, negociar para torná-la “mais agradável” não é coerente com quem tem a identidade de servo de Cristo: “Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1:10). Como diz John MacArthur: “Nunca suavize o evangelho. Se a verdade ofende, então deixe que ofenda. As pessoas passam toda a sua vida ofendendo a Deus; deixe que se ofendam por um momento”.
Como cristãos cremos que “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3:16-17). A lente que devemos usar para tomar decisões e para interpretar a vida, o mundo, a sociedade e cada faceta da existência é a Palavra de Deus, inerrante, infalível, imutável, Verdade Absoluta.
Mas se achamos que esse tipo de pensamento pós moderno é tão recente assim, estamos enganados. O próprio Nietzsche, citado acima, viveu alguns séculos atrás (1844-1900) e já negava a existência de alguma verdade absoluta. Mas a raiz de pensamentos como esse é ainda mais antiga, volvendo-nos ao tempo do homem no Éden.
A lente que devemos usar para tomar decisões e para interpretar a vida, o mundo, a sociedade e cada faceta da existência é a Palavra de Deus
No Jardim do Éden o Senhor Deus, Criador e Dono de todas as coisas, o “Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tg 1:17), deu uma ordem ao homem: “da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás”(Gn 2:17). No capítulo 3 de Gênesis vemos o diálogo entre a serpente e Eva, onde satanás afirma o contrário do que Deus disse a Adão: “É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal” (Gn 3:4-5). A seguir vemos que o homem e a mulher desobedeceram a Deus e o próprio Deus diz: “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente.”(Gn 3:22).
Mas o que significa se tornar conhecedor do bem e do mal? Herman Bavinck afirma que “a questão não é primariamente o conteúdo do conhecimento do qual os seres humanos se apropriariam pela desobediência, mas o modo pelo qual fariam isso.” Ou seja, o conhecimento do bem e do mal não diria respeito à informação, um conteúdo oculto que o homem só viria a adquirir após a queda, mas antes, estaria relacionado ao modo como o homem passaria a agir moralmente à parte do que Deus estabeleceu como certo e errado. Ter o conhecimento do bem e do mal no contexto de Gn 2-3 é tomar para si o “direito” e a “autonomia” de moralmente definir o que é bem e o que é mal, independente do que foi definido pelo nosso Senhor.
Neste sentido, assim como Deus define o que é bem e o que é mal, o homem caído passou a acreditar que ele poderia fazer o mesmo de forma emancipada. Quando o homem caiu no Éden, na prática, passou a afirmar que não existem verdades absolutas, que não importa o que Deus estabeleceu, pois quem julga moralmente as coisas é o próprio homem guiado por seu coração caído e desesperadamente corrupto. Mas a verdade é que o único que possui premissa e autoridade para definir o que é moralmente bem ou mal é o próprio Deus, Justo, Bom, Sábio, que existe desde toda a eternidade e que criou todas as coisas, sendo o Dono de tudo por direito.
O pensamento pós-moderno de não haver verdades absolutas é apenas reflexo da queda do homem e do passar a ser “conhecedor do bem e do mal.” A bússola moral do homem quebrou quando ele pecou e achou que poderia se tornar independente de Deus. Ele continua se auto-estabelecendo como o seu próprio deus e escolhendo os seus próprios caminhos. Se tornar conhecedor do bem e do mal significa passar a ter autonomia moral, tomar para si o “direito” de definir esses conceitos por conta própria. Mas essa autonomia moral se tornou em morte para toda a humanidade e precisamos voltar-nos novamente para nosso Pai.
O único Dono de toda a verdade é Deus, e Ele revelou a Sua verdade, a Sua vontade na Sua Palavra. Então, por mais que a pós-modernidade, assim como a proposta de ser “conhecedor do bem e do mal,” pareça apontar um caminho de liberdade, ela nos prende à escravidão do próprio eu caído, à escravidão do pecado, e à escravidão da morte eterna. Liberdade verdadeira existe apenas na Verdade Absoluta. No Lógos encarnado (Palavra encarnada, Jesus) de Deus que nos disse: “Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará… Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (Jo 8:31, 32, 36).
Verdade, somente em Deus. Liberdade, somente em Cristo. E isso é absoluto.
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