A evangelização é a “tarefa do povo de Deus de anunciar a salvação da condenação gerada pelo pecado através da fé em Cristo Jesus, de acordo com as verdades reveladas nas Sagradas Escrituras” (Sérgio Lyra).

Ou seja, evangelização não é algo opcional para os crentes, é uma ordenança do Senhor Jesus (Mt 28:18-20) para todo o seu povo. E é através da comunicação que proclamamos a Palavra de Deus, que evangelizamos as pessoas, afinal de contas, “a fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo” (Rm10: 17 NVI). Sendo assim, precisamos aprender a comunicar o evangelho de maneira clara e efetiva para os que precisam ouvi-lo.

ELEMENTOS DE UMA COMUNICAÇÃO

Se a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus e somos conclamados a evangelizar, pressupõe-se que nesse contexto é necessário que haja uma comunicação do evangelho. Existem alguns elementos essenciais presentes na comunicação. São alguns deles:

– Emissor: É aquele que emite a mensagem para alguém;
– Receptor: É o alguém que recebe a mensagem, que ouve a mensagem do emissor;
– Mensagem: É o conjunto de informações transmitidas pelo emissor;
– Código: É o conjunto de signos que serão utilizados na mensagem;
– Ruído na comunicação: Ocorre quando a mensagem não é decodificada corretamente pelo receptor

Logo, a comunicação do evangelho só será efetiva se o receptor decodificar a mensagem proclamada pelo emissor da maneira correta.

IDENTIFICANDO RUÍDOS

Para quem já está no contexto de igreja há muito tempo, alguns termos evangélicos e bíblicos se tornam muito comuns e próprios da linguagem, do diálogo, mas para pessoas que estão ouvindo pela primeira vez a mensagem do evangelho esses termos não vão fazer parte da compreensão delas, serão como que códigos que elas não conseguem decifrar, serão ruídos que atrapalharão a comunicação.

Imagine alguém que vai tentar comunicar o evangelho para uma pessoa que nunca esteve presente em um contexto de igreja e que nunca esteve familiarizado com a linguagem bíblica. Será que termos como “pecado”, “redenção”, “transgressão”, “justificação”, entre outros serão decodificados com facilidade pelo receptor da mensagem? Se a resposta for negativa, significa que há ruídos na comunicação porque o receptor não conseguiu decifrar os signos, os códigos ou as palavras utilizadas na mensagem. Coisas foram ditas, mas não houve uma comunicação efetiva.

ADEQUANDO A LINGUAGEM

Conta-se a história de um homem que foi evangelizar em um local onde os nativos não compreendiam a língua dele. Após um tempo, esse evangelista volta frustrado para a sua terra dizendo que aquele povo era um povo com o coração duro por não se renderem a mensagem do evangelho. Acontece que o evangelista proclamou o evangelho na própria língua ao invés de aprender a língua daqueles nativos. Como eles iam se render à mensagem do evangelho se ela estava sendo comunicada de forma incompreensível? Muitas vezes os termos que utilizamos no evangelismo vão ser recebidos pelas pessoas como se fossem realmente de outro idioma que elas desconhecem.

É necessário utilizar palavras e conceitos que expliquem de maneira compreensível os termos bíblicos para que de fato ocorra uma comunicação efetiva.

Precisamos avaliar a maneira que proclamamos o evangelho. É necessário utilizar palavras e conceitos que expliquem de maneira compreensível os termos bíblicos para que de fato ocorra uma comunicação efetiva. Não precisamos necessariamente nos despir dos termos utilizados na Palavra de Deus, mas podemos usar esses termos e logo em sequência fazermos uso de sinônimos ou de conceitos que expliquem o que se quer comunicar. Como por exemplo, quando se fala da realidade do homem como pecador, pode-se dizer: “O homem é pecador, o homem errou o alvo que Deus estabeleceu para a sua vida, o homem escolheu ser desobediente a Deus, o homem é rebelde contra a vontade de Deus, o homem não anda de conformidade com a Lei de Deus, O homem não vive conforme Deus determinou nas Escrituras Sagradas”.

SOMOS COMUNICADORES

Em nossa caminhada cristã, na obediência de evangelizarmos, muitas vezes temos comunicado o evangelho de forma ineficaz porque não nos colocamos no contexto do outro, porque não nos adequamos à linguagem do outro. É preciso que tenhamos humildade e dependência de Deus para nos gastarmos na adequação da linguagem afim de que o evangelho se torne compreensível no contexto que Deus nos colocar.

A adequação da linguagem da proclamação do evangelho pode ser vista na postura de Paulo, ao se adequar ao contexto em que estava inserido para comunicar o evangelho de maneira efetiva e compreensível (1 Co 9:19-22). Que possamos nos fazer com uma linguagem não “evangelical” para com aqueles que não compreendem uma linguagem “evangelical”.